A notícia de que o Ituano tomou um empréstimo de R$ 1,8 milhão levantou a dúvida inevitável: a SAF do clube tem dinheiro ou não? A resposta exige mais do que um simples “sim” ou “não”. É preciso entender o contexto e, principalmente, o perfil de quem está no comando.
O gestor da Dimache, à frente do Ituano SAF, é um
empresário experiente, acostumado a lidar com empresas em apuros. Seu currículo
inclui reestruturações bem-sucedidas e negócios de peso — recentemente,
inclusive, a aquisição do controle das Casas Bahia, outro gigante em
recuperação.
Ele sabe operar nesse ambiente: compra o que está mal,
reorganiza, reestrutura e busca o lucro. É o que faz bem. Mas o futebol não é
exatamente um “negócio comum”. Aqui, o “produto” é gente — e gente tem dia bom,
dia ruim, lesão, vaidade e, claro, imponderável. O jogador que parecia
investimento certo pode virar prejuízo. E o garoto promissor, que parecia
solução, às vezes não entrega.
Foi o que aconteceu com o Ituano nos últimos anos:
apostas frustradas, desempenho baixo e rebaixamentos que doeram mais que
carrinho por trás...
Até 2022, o clube era um exemplo de gestão equilibrada.
Mantinha-se firme na Série A1 do Paulista, subiu até a Série B e quase beliscou
a elite do Brasileirão. Mas de 2023 pra cá, a receita desandou. O modelo de
negócio que antes funcionava deixou de dar resultado —e o Ituano despencou.
A SAF surge, então, como um passo natural para quem tem
perfil de gestor corporativo. Com ela, abre-se a porta para novos investidores,
capital fresco e a chance de reconstrução. É o tipo de operação em que o atual
comando se sente em casa.
Falta, talvez, compreender que no futebol nem tudo se
mede por planilha e balanço. Se o gestor deixar a prepotência de lado e
entender que o vestiário é bem diferente da sala de reuniões, há boas chances
de o projeto dar certo.
E voltando à pergunta inicial: a SAF do Ituano tem
dinheiro? Não, ainda não. Mas pode vir a ter. Depende — como sempre — de quem
está com a caneta na mão.
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