Por
Daniel Nápoli
Neste sábado (10), Boca Juniors e River Plate farão o
primeiro jogo da final da Copa Libertadores da América de 2018, em La
Bombonera, com o segundo e decisivo confronto marcado para o dia 24 deste mês,
no Monumental de Nuñez.
Que Boca Juniors e River Plate são arquirrivais, todo
amante do futebol sabe. Sendo assim, normalmente suas torcidas “não se
misturam”. Se muitas vezes, amizades entre os “hinchas” (como são chamados os
torcedores por lá) são até curiosas, tamanha a rivalidade, imagina então uma
relação amorosa.
Parece até impossível não é mesmo? Mas não para a família
Sorrentino. Moradores da cidade de Itu desde o ano 2000, Antônio Carlos
Sorrentino, de 56 anos e Hilda Silvina Martínez de Sorrentino, de 58 anos, são a
prova viva de que o amor supera a rivalidade.
Casado com Silvina desde 1989, Antônio Carlos, nascido na
cidade de São Paulo, filho de uma ituana (Marly Fabrini Sorrentino, de 79 anos)
com um argentino (Roberto Sorrentino, já falecido), é torcedor fanático do Boca
Juniors e explica o motivo da paixão. “Saí do Brasil para ir morar em Buenos
Aires, aos seis anos de idade e a primeira coisa que vi quando cheguei por lá,
foi a bandeira do Boca. O jeito aguerrido do time jogar e a emoção daquela
torcida, me fizeram me encantar pelo clube”.
Pai de Antônio Carlos, Roberto no Brasil era torcedor do
Palmeiras, enquanto que na argentina, seu coração pertencia ao Boca Juniors,
clube este que sua mãe Marly também torcia. “Me associei ao clube e domingo
sim, domingo não, ia lá torcer com minha família”, explica o torcedor que
frequentou muitos clássicos contra o River.
Já Silvina, que na infância simpatizava com o Estudiantes
de La Plata, passou a torcer em definitivo para o River Plate, quando seu ídolo, Alberto César Tarantini, se
transferiu para o clube. “Me associei ao clube e passei a frequentar os
treinamentos e os jogos do River”.
Tarantini, que foi ídolo no River Plate, atuando entre os
anos de 1980 e 1983, também marcou época no arquirrival Boca Juniors, entre
1973 e 1978.
Foi vendo as atuações do lateral-esquerdo/zagueiro, que
ela se contagiou pelo clube e sua torcida. Quando vi, estava enlouquecida por
toda aquela atmosfera”, explica Silvina, que compartilhou de sua mãe (Prudência
Martínez, de 90 anos), o amor ao clube, enquanto que seu pai (Doroteo Martínez,
já falecido) era um fanático torcedor do San Lorenzo.
Com provocações bem humoradas entre os dois durante a
entrevista, o casal explicou como se conheceu. “Foi em um baile, em Banfield,
no ano de 1984, explica Antônio Carlos, que também comentou como foi quando um
descobriu o time de coração do outro. “Não foi fácil. O pai dela era mais
tranquilo, mas sua mãe ficou brava. Mas é tranquilo. Quando tem jogo,
assistimos em lugares diferentes da casa e quando termina o jogo fica tudo
certo, independente de quem ganha”. Entre gargalhadas, Silvina fala: “tenho que
assistir longe, porque eu falto entrar na televisão. Grito, xingo, participo do
jogo”.
O amor que venceu a rivalidade, rendeu frutos: seis
filhos (Paulo Victor- 27, Jacqueline – 26, Federico Matias - 24, Alex -23, Ariel - 21 e Cindy Antonella - 19)
e uma neta (Luna Antonella – um ano). Dos filhos – todos nascidos em Buenos
Aires, curiosamente, os homens são torcedores do Boca, enquanto que as
mulheres, do River.
Mesmo com a família “dividida” pelo futebol, Silvina
reforça: todos brincam, ficam chateados quando perdem, mas fica nisso. Quando
termina o jogo a vida continua e todos ficamos numa boa”.
Perguntado porque acredita que o Boca Juniors conquistará
a sua sétima Libertadores, Antônio Carlos explica: “o Boca tem muita raça e nesta competição ele se transforma. Serão dois jogos muito difíceis, mas acredito que
a raça, a garra fará com que o Boca se supere. Aposto em uma vitória por 2x1 no
primeiro jogo e um empate no segundo”.
Silvina preferiu não arriscar placar para nenhum dos
jogos, porém acredita que superioridade de seu clube do coração, fará com que
vença pela quarta vez a competição. “Não tem como não admitir. Como dizem na
Argentina, o Boca é “lá mitad, mas uno (a metade mais um - se referindo ao fato
de ser a agremiação com maior torcida no país) e tem muita garra. Será muito
duro vencer, mas acredito que o River tem mais time e será campeão”.
Se tratando de um superclássico, tudo pode acontecer,
porém o que é certo é que a Família Sorrentino já é a grande vencedora!
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