CAMPEÃO
PAN-AMERICANO EM INDIANÁPOLIS-1987 FALA SOBRE CARREIRA E TRAJETÓRIA VITORIOSA
DA FAMÍLIA NO BASQUETE
Por
Daniel Nápoli
Ricardo Cardoso Guimarães, o Cadum, indiscutivelmente é
um dos grandes nomes do basquete masculino brasileiro. Ex-armador de clubes como
Pinheiros, Monte Líbano, Flamengo, Sírio, Palmeiras, Dharma Franca e Unitri
Uberlândia, além e uma trajetória de
sucesso pela Seleção Brasileira, em que teve como ponto alto a conquista do
ouro nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis-1987, tem sua história no esporte
iniciada antes mesmo de seu nascimento.
Para quem não sabe, Cadum é filho da ex-jogadora da
Seleção Brasileira Feminina de Basquete Maria Aparecida (Cida - foto) - bicampeã
sul-americana em 1954 e 1959 e sobrinho de Maria Helena Cardoso, ex-jogadora
campeã dos Jogos Pan-Americanos de
Cali-1971 e bronze no Mundial do mesmo ano, além de títulos pelo Sul-Americano.
Sua tia também foi técnica do Brasil entre os anos de 1986 e 1992, conquistando
o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Havana-1991, além de levar o basquete
feminino para disputar sua primeira Olimpíada no ano de 1992.
Ao MOMENTO do ESPORTE, Cadum, que também é filho do ex-jogador Eduardo Guimarães, o Dado,
fala com orgulho sobre como foi crescer em meio a nomes tão importantes para o
basquete brasileiro. “Foi uma coisa
sensacional. Toda minha infância, o assunto das reuniões de família sempre
foram relacionadas ao esporte e principalmente ao basket. Minha mãe pediu
dispensa do Pan-Americano de Chicago em 59 pois estava grávida e eu nasci
quatro meses depois, ou seja, desde o ventre eu já estava nas quadras de basket
e aprendi a amar esse nosso esporte. Com minha tia Maria Helena, tive o prazer
de vê-la jogar a partir do Mundial de 71 no Ibirapuera, e foi nesse ano que
comecei a praticar o basket regularmente. As duas, e meu pai que também jogava,
sempre foram enormes incentivadoras e conselheiras durante toda a minha
carreira.”
Clubes
Carreira que começou ainda na
infância, aos 11 anos de idade, no Pinheiros. “Joguei todas as categorias de
base nesse clube e mesmo jovem já jogava na equipe adulta do clube. Quando saí
do juvenil, fui para o Monte Líbano também de São Paulo, onde permaneci por 10
temporadas. Foi o lugar de minhas maiores conquistas de clubes”, revela.
Pelo Monte Líbano (foto), entre 1978
e 1988, o ex-pivô conquistou duas vezes o Campeonato Sul-Americano (1985 e
1986, cinco vezes o Campeonato Brasileiro
(1982, 1984, 1985, 1986 e 1987), três Paulistas (1982, 1984 e 1986), além do
vice-campeonato mundial em 1985.
“Depois joguei no Flamengo, Sírio, Palmeiras,
Dharma Franca, voltei ao Pinheiros, e depois novamente para o Palmeiras. Depois
fui para a Hebraica, para o Unitri Uberlândia, e voltei para a Hebraica onde
encerrei minha carreira aos 40 anos.”
Seleção
Brasileira
Já com a camisa do Brasil, Cadum teve sua primeira
experiência ao disputar o Campeonato Sul-Americano Juvenil de 1977. Um ano
depois, foi convocado para a Seleção de Novos. Na Seleção Adulta, a primeira
convocação surgiu em 1979, para a disputa do Sul-Americano, sendo figura
constante até 1984. Após ter ficado de fora do grupo em 1985 e 1986, retornou
em 1987, permanecendo até 1992, ano de sua última participação.
Além do ouro em Indianápolis-1987, o ex-pivô foi campeão Sul-Americano em 1983 e 1989,além de prata no Pan de Caracas-1983 e no
Sul-Americano de 1983. Ainda disputou quatro Olimpíadas (Moscou-1980, Los
Angeles-1984, Seul-1998 e Barcelona-1992), além de dois Mundiais (Colômbia-1982
e Argentina-1990).
Tendo vivido importantes momentos pelo Brasil, Cadum
relembra a trajetória na seleção e a convivência com outros grandes nomes. “Fui um privilegiado por fazer parte da Seleção
Brasileira por 12 anos e ter convivido com jogadores excepcionais ao longo
desse período. Joguei alguns anos com a geração de Marquinhos, Adílson,
Carioquinha, Fausto e depois com o grupo liderado por Oscar e Marcel e que foi
medalha de ouro no Pan de Indianápolis. Foi um aprendizado constante conviver
com esse grupo todo. Aprendi bastante nas nossas conquistas e também nas nossas
derrotas. O mais legal de tudo é a grande amizade que ficou disso tudo. Com
Oscar joguei junto a partir de 76 e com o Marcel a partir de 79. Nós três fomos
juntos até a Olimpíada de Barcelona em 92. Bom demais.”, recorda.
Nova geração
A família que tem Cida como
pioneira, se encontra em uma nova geração basqueteira. Os filhos de Cadum,
Guilherme, e João Gabriel, além dos sobrinhos Igor, Eduardo e Victor também seguiram
o amor de seus familiares pelo esporte e o praticam.
Orgulhoso em ver a nova
geração seguindo o mesmo caminho, Cadum comenta como é a relação. “É ótima. Nunca
quis cobrar muito e nem colocar muita pressão. Sempre preferi ser referência
pelo exemplo e por minha postura. Mas é claro, que assim como aconteceu na
minha infância e na minha formação, dentro de casa em nossas reuniões, a
conversa sempre foi e é sobre o basket. Assistimos jogos juntos e nos
comentários sempre passo a minha impressão do acontecido e acho que isso acaba
servindo de exemplo para as decisões deles”.
Esporte e turismo
Atualmente com 60 anos de
idade, o ex-armador que é casado com Ana Regina, ex-jogadora da Seleção Brasileira
de Basquete, que chegou a ser treinada por Maria Helena Cardoso, reside na
cidade paulista de São José dos Campos (se encontra no município desde 2013),
local em que possui uma agência de Turismo, a Cadum Turismo, existente desde
1995.
“Atendo gente e empresas do
Brasil inteiro e tenho alguns pacotes específicos de basket tais como grupos de
adolescentes para clínicas de basket nos EUA, grupos para acompanhar Mundiais
de Basket, grupos de Masters para jogos amistosos nos EUA, entre outros.”,
comenta.
Pandemia
Após falar sobre a carreira e
a vida atual, é claro que a pandemia do novo coronavírus não poderia deixar de
ser citada. O ex-atleta que se encontra em isolamento social, deixa seu recado.
“Meu conselho é o que se escuta desde que essa ‘bomba caiu nos colos do mundo’:
FIQUE EM CASA. Já são dois meses de confinamento e por aqui não estamos saindo
para nada (apenas para as compras essenciais) e procurando nos exercitar sempre
que possível. Nesse caso, o basket tem ajudado bastante. Eu e meu filho João
Gabriel de 13 anos estamos fazendo trabalho de habilidade, passes e o que mais
for possível fazer individualmente”, conta.
Mensagem
Ao concluir a
entrevista, Cadum aproveita para deixar uma mensagem aos fãs. “A mensagem que gosto de passar, é uma coisa que me
guia desde sempre: TENHA SONHOS E LUTE PARA CONCRETIZÁ-LOS. E não sonhe
pequeno, sonhe sempre grande. E no momento que atingir seu sonho, queira mais.
Sonhe de novo e corra atrás”, encerra.
Fotos – Acervo Cadum Cardoso
Guimarães/CBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário