
Por
Daniel Nápoli
No mês em que era para o mundo estar aguarda o início dos
Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, adiado para o ano que vem, devido a pandemia do
novo coronavírus, o Momento do Esporte recorda a última grande conquista do
basquete brasileiro em Olimpíadas: a medalha de bronze em Sydney-2000.
A conquista da Seleção Brasileira Feminina, completará 20
anos no dia 30 de setembro, porém antecipamos as homenagens, mantendo a “vibe
olímpica”
O Brasil comandado por Antonio Carlos Barbosa chegou para
aquela competição desacreditado. Embora tenha mantido nomes como Janeth Arcain,
Alessandra Oliveira e Marta Sobral, prata nas Olimpíadas de Atlanta-1996, a
seleção não contava mais com a Rainha Hortência e Magic Paula, vindo em um
processo de “passagem de bastão” de uma geração campeã mundial e vice-campeã
olímpica para uma geração também talentosa, porém sem a mesma experiência
internacional.
Na fase de grupos, em Sydney, a Seleção Brasileira
estreou com vitória sobre a Eslováquia (76x60), sendo derrotada no segundo jogo
para a Austrália (81x70), atropelando posteriormente Senegal por 82x41.
Na quarta partida, derrota para a França (73x70) e no último
jogo da fase de grupos, o Brasil perdeu por um ponto para o Canadá (61x60).
Nas quartas de final,a adversária era a forte Rússia,
ali, as comandas de Antonio Carlos Barbosa tiveram possivelmente a melhor
exibição naquela competição, vencendo por 68x67.
Na semifinal, o Brasil acabou derrotada para a Austrália,
dona da casa, por 64x52, porém não deixou a competição sem medalha ao bater a
Coreia do Sul por 84x73 na disputa pelo bronze.De desacreditada a medalhista, a Seleção Brasileira de
2000 fez história, inspirando até os dias de hoje, novos talentos do basquete.
O Momento do Esporte a ala/armadora Helen Luz (foto), integrante
da seleção medalhista de bronze ao lado de sua irmã Silvinha, falou sobre a conquista.
“Foi muito importante para o basquete brasileiro feminino. Era uma seleção que
muitas pessoas olhavam com um pouco de desconfiança, pois não tínhamos mais a
presença da Hortência e da Paula, que eram as grandes referências do basquete
feminino brasileiro , mas era uma equipe que tinha um conjunto muito bom.”
Helen, que também teve no quarto lugar do Brasil em
Atenas-2004, segue falando sobre a equipe de 2000. “Uma equipe homogênea, a
gente tinha na liderança a Janeth, uma jogadora super importante para o esquema
do Barbosa e a gente entendia muito bem isso, mas as qualidades das outras
atletas contribuíram também para essa conquista”.
Luz reforça a importância do bronze, sem desmerecer a
campanha seguinte. “Foi a a última conquista do basquete feminino em Olimpíadas
em relação a medalhas, porque em 2004 a gente ficou em quarto lugar, em que
também tivemos uma boa apresentação.”
Questionada sobre a importância do bronze, Helen
comentou. “A Olimpíada de Sidney veio para fortalecer ainda mais o basquete
brasileiro, mostrar que a gente é um celeiro de grandes atletas da modalidade e
viveu um momento importante, cada uma entendeu o seu papel ali, colocou algo a
mais que sempre se precisa em uma Olimpíada e soubemos ganhar no momento certo”.
A ala/armadora destacou ainda a confiança do grupo. “Foi
um momento em que a seleção se uniu psicologicamente, porque fisicamente todo
mundo estava em seu melhor nível e o mental faz a diferença em momentos
decisivos. O basquete feminino mereceu e a nossa geração também mereceu pro
todo esforço e empenho que sempre coloquei em quadra, nos treinamentos
principalmente”.

Barbosa explica o que pesou ainda mais para a importância
da conquista. “Era a primeira grande competição internacional que íamos fazer
sem a dupla Paula e Hortência. A Hortência já havia parado em 1996 e quando eu
reassumi a seleção em minha segunda passagem em 1997 no adulto, eu consegui
levar a Paula dois anos e em 2000, a Paula não quis ir (para a Olimpíada) e surpreendentemente
nós conseguimos a medalha de bronze.”
O comandante prossegue. “Foi uma medalha impensável,
porque foi um time que se apoiou praticamente na Janeth e na Alessandra e a Marta
,embora ela não fosse titular, eram as únicas remanescentes titulares da última
grande conquista (prata em Atlanta). Era um time de jogadoras inexperientes em
nível olímpico e foram seis, sete jogadoras estreantes em Olimpíadas”.
O técnico que também foi o comandante em Atenas-2004,
destacou a boa preparação para Sydney-2000. “A partir de 1999 a CBB (Confederação
Brasileira de Basketball) fez uma programação muito intensa de amistosos, então
fizemos de 60 a 70 jogos internacionais. Nós chegamos na competição desacreditados,
mas um time com personalidade, que acreditava nele."
Barbosa fala ainda sobre as principais lembranças da conquista
do bronze, Barbosa relembra o duelo contra as russas. “Tivemos uma jornada
memorável contra a equipe da Rússia, era um time que tinha tudo para ir para a
medalha de ouro. Jogamos atrás no placar e no final conseguimos diminuir a
diferença em um ponto, conseguimos roubar a bola de defesa, fomos para o
ataque, arremessamos e erramos, mas a bola ficou em nossa posse”.
O treinador segue recordando. “Houve pedido de tempo da
minha parte, armamos uma jogada de ataque para que a gente fosse para a cesta
estourando o tempo e deu perfeitamente certa a jogada, a Alessandra foi muito
feliz, girou com duas jogadoras dobrando nela, fez a cesta, invadi a quadra
para abraçar as jogadoras achando que tivesse terminado o jogo, mas ainda
faltava um segundo, acabei virando ‘meme’. Foi uma emoção muito grande”.

Integraram a Seleção Brasileira Feminina medalhista de
bronze em 2000 comandada por Antonio Carlos Barbosa: Janeth Arcain
(ala/armadora), Zaine (Pivô), Lilian Gonçalves (ala), Helen Luz (ala/armadora,
Silvinha Luz (armadora), Claudinha Neves (armadora), Alessandra Oliveira (pivô),
Adriana Pinto (armadora), Cíntia Tuiú (pivô), Adriana Santos (armadora), Kelly
Santos (pivô) e Marta Sobral (pivô).
Colaboraram para a matéria: Simone Pontello e Nathane Agostini.
Fotos – 2000 Getty Images/Divulgação
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