BICAMPEÃ OLÍMPICA DE VÔLEI, ATLETA FALA AO MOMENTO
DO ESPORTE SOBRE TRAJETÓRIA, VIDA PESSOAL E SEQUÊNCIA DA CARREIRA
Por Daniel Nápoli
Na última quarta-feira (1º), a atleta bicampeã olímpica com a Seleção
Brasileira de Vôlei Feminino, Sheilla Castro, completou 37 anos de vida e nesta
semana, concedeu uma entrevista exclusiva ao MOMENTO do ESPORTE, falando sobre sua
trajetória no esporte, vida pessoal e expectativa a sequência da carreira.
Nascida em Belo Horizonte/MG, em 1983, a oposta teve seu primeiro
contato com o vôlei no início da adolescência. ”Quando eu tinha 12 anos, por
causa da altura (atualmente possui 1,85m) me apaixonei”, conta a oposta que
sempre teve o apoio da família para seguir no esporte.
Ao falar em apoio da família, Sheilla comenta a forte ligação que tem
com a avó Terezinha . “Ela que me criou, minha mãe ainda estudava. Então ela é
igual uma mãe. E foi uma pessoa que sempre acreditou em mim, sempre me apoiou
no vôlei”.
Após o primeiro contato com o esporte na escola, a atleta rumou aos 14
anos, para o Mackenzie Esporte Clube, de Belo Horizonte, equipe em que
permaneceu de 1997 a 2000, sendo campeã brasileira juvenil no último ano. No
mesmo período, foi convocada para a
Seleção Brasileira Juvenil, sendo campeã sul-americana em 2000 e mundial no ano
seguinte, quando já defendia o MRV/Minas Tênis Clube.
Já naquela época, a oposta se destacava pelo talento,
profissionalismo e disciplina. “Sempre fui aquela atleta que chega primeiro e
sai por último, desde que comecei a jogar com 12, 13 anos. Mais dedicada que
todo mundo, muito perfeccionista. Por isso tudo as coisas foram acontecendo
naturalmente para mim, porque apesar do esforço enorme eu amava estar ali”, recorda.
Devido ao seu jeito de encarar o esporte, a transição do juvenil para o
adulto, não contou com dificuldades. “Foi natural também (assim como no
juvenil). Com certeza por causa da minha dedicação e abdicação de tudo”,
comenta.
Pelo MRV/Minas Tênis Clube, Sheilla atuou de 2001 a 2004, conquistando a
Superliga da temporada 2001/2002. Após o título, teve sua primeira experiência
com a Seleção Brasileira Adulta, disputando o Campeonato Mundial.
Depois da disputa do Mundial em 2005, a atleta acabou não sendo
convocada para os Jogos Olímpicos de Atenas-2004, porém virou presença
constante na seleção a partir de 2005. De
lá para cá, Sheilla sagrou-se bicampeã olímpica (2008 e 2012), heptacampeã do
Grand Prix (atual Liga das Nações – 2005, 2006, 2008, 2009, 2013, 2014 e 2016),
bicampeã da Copa dos Campeões (2005 e 2013) e campeã dos Jogos Pan-Americanos
(2011).
“Sempre amei representar o Brasil e tive o objetivo de ser campeã olímpica.
Sentia e sinto muito orgulho de vestir a camisa do Brasil”, comenta Sheilla que
também fala sobre o sentimento de ter vencido por duas vezes as Olimpíadas. “Um
sonho se tornando realidade”, resume”.
Questionada sobre as diferenças das conquistas das Olimpíadas de Pequim-2008
e Londres-2012, Sheilla compara. “Em Pequim, certeza que o ouro seria nosso,
mesmo sabendo que seria muito difícil. Em Londres, uma incógnita, pois os EUA
eram favoritos e quase desacreditamos que poderíamos vencer depois do início
turbulento”.
Após sagrar-se bicampeã olímpica, ainda em 2012, no mês de outubro,
Sheilla estrelou a capa da Revista VIP. Sempre lembrada por seu talento sua
personalidade em quadra, a atleta também é lembrada como uma das musas do vôlei
brasileira e mundial. Durante a
entrevista, ela comenta como foi estrelar um ensaio sensual. “Foi
tranquilo e se fosse um ensaio como aquele, faria de novo sim”, revela ao ser
questionada se faria um novo ensaio.
Ainda sobre o título de musa, a atleta comenta. “Não faz diferença para
mim ser ou não ser musa. Nunca foi um sonho ou objetivo meu. Fico feliz de me
acharem bonita”.
Após a conquista em Londres-2012 Sheilla, que então defendia o Unilever/Rio
de Janeiro – sendo campeã da Superliga (2010/2011) e carioca (2011) –, se transferiu
para o Osasco, conquistando entre 2012 e 2014,
um Mundial de Clubes (2012), um Sul-Americano de Clubes (20120 e dois
Campeonatos Paulista (2012 e 2013).
Ao sair do Osasco, a oposta defendeu as cores do VakifBank (2014-2016),
da Turquia, voltando a atuar por um clube europeu. A primeira experiência,
havia sido no vôlei italiano, atuando pelo Pesaro (2004-2008). A atleta compara os dois diferentes períodos. “Duas
experiências incríveis em momentos muito diferentes da minha carreira. A
primeira, ainda uma desconhecida, começando a abrir meu espaço no vôlei e a
segunda, já consagrada e respeitada”.
Sheilla defendeu a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos do
Rio-2016. A chance de conquistar o tricampeonato olímpico, em solo brasileiro,
acabou parando nas quartas de final, contra a China. Questionada sobre o que
poderia ter faltado para que o Brasil pudesse ter saído da competição com o
ouro, a atleta aproveita para exaltar a adversária. “Não ter a Zhu (Ting,
ponteira da Seleção Chinesa) do outro lado da rede jogando daquele jeito”.
Após as Olimpíadas do Rio, Sheilla que desde 2013 é casada com o
ex-jogador de basquete Brenno Blassioli, deu uma pausa em sua carreira, para
realizar o sonho de ser mãe, o que se tornou realizada com o nascimento das
gêmeas Liz e Ninna, em novembro de 2018.
A maternidade, de acordo com a oposta, trouxe mudanças tanto em sua vida
pessoal, como na profissional. “Tudo (mudou). Até medo de morrer eu tenho hoje.
Nunca tive”, diz a atleta que explica ainda como é administrar a profissão com
a vida em família,sendo uma atleta de alto rendimento. “Difícil como tudo na
vida, mas com esforço e dedicação sempre dá certo”.
Depois da maternidade, Sheilla vislumbrou rumar para o vôlei de praia,
porém um desejo a fez repensar. “Nunca quis parar de jogar vôlei, só não seria
na quadra. Mas decidi ir pra quadra em vez da praia, por causa de Tóquio-2020
(competição adiada para 2021 devido a pandemia do novo coronavírus).
Em seu retorno ao vôlei de quadra, em 2019, Sheilla fez parecer não
havia ficado três anos fora das competições, obtendo ótimos desempenhos. A
volta não poderia ser melhor, foi no Minas Tênis Clube (Itambé/Minas), clube
pelo qual atuou entre 2001 e 2004.
“Muito gostoso (o retorno). Preparação individualizada, pois estava três
anos parada e o pós-gravidez”, comenta a atleta já soma ao seu currículo a
conquista do sul-americano de clubes deste ano.
Sheilla também voltou a defender a Seleção Brasileira no ano passado, integrando
o grupo que disputou o Sul-Americano e a
Copa do Mundo.
Atualmente, com uma pausa forçada devido a pandemia do novo coronavírus,
Sheilla fala como está a experiência junto da família, além de comentar sobre a
expectativa para os próximos meses. “Muito difícil (a pandemia), mas é muito
gostoso aproveitar minhas filhas ao máximo. Meu marido cada vez mais tem se
mostrado um paizão e um maridão. Já o Brasil, em tudo, não só no vôlei, é uma
incógnita”.
Questionada sobre até quando pretende atuar nas quadras, a atleta não
faz planos. “O que tiver que ser será”,
porém pensa em seguir no esporte após a aposentadoria. “Tenho outras metas, mas
sempre estarei de alguma maneira envolvida com o esporte”.
No retorno de Sheilla ao vôlei, em diversas oportunidades, a mesma foi
prestigiada por suas filhas nos ginásios. Embora não tenham nem dois
anos de idade Liz e Ninna, já “respiram” o vôlei. A atleta comenta os conselhos
que daria para as meninas, caso queiram seguir os passos da mãe. “(Aconselho)
que ‘mergulhem de cabeça’ e que treinem mais que todo mundo”.
No encerramento da entrevista, Sheilla deixa uma mensagem para seus fã e
amantes do esporte. “Obrigada por todo carinho. Pode ter certeza que amo o
vôlei tanto quanto vocês”, encerra.
Colaborou para a entrevista, Leonardo Cunha, assessor de imprensa de
Sheilla Castro.
Fotos – Préu Leão/AGF/Divulgação/Reprodução/Instagram/Mari Siqueira/Divulgação-FIVB
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