Por
Daniel Nápoli
Multicampeã. Assim podemos definir a bicampeã olímpica
com a Seleção Brasileira Feminina de Vôlei, Thaísa Menezes. A atleta de 32 anos
de idade, que mede 1,96m e atua como central, vem em uma importante retomada em
sua carreira, com desempenhos consistentes, após séria lesão no joelho
esquerdo, em 2017, que a obrigou a passar por cirurgia e um longo período de
recuperação.Em entrevista por meio de sua assessoria de imprensa,
Thaísa relembrou sua trajetória e
comenta sobre a expectativa para a sequência da temporada 2019/2020.
Grande nome do vôlei mundial, Thaísa iniciou seu contato
com o esporte, longe das quadras. “Eu fazia natação e cansei de nadar e as pessoas
falavam que vôlei era coisa de gente grande, até então nem sabia como era o vôlei,
confundia com o basquete até e meio que ‘caí de paraquedas', comecei do zero.
Comecei a treinar, a aprender fundamentos, comecei a gostar e principalmente porque
tinham outras meninas altas, nem tanto quanto eu, mas mais do que a média
normal e aquilo me fez sentir um pouco mais em casa, eu me sentia envergonhada por ser muito alta
e ali eu senti que era o meu lugar”, recorda.
Atuando na modalidade desde os 14 anos e sempre em alto nível,
certamente a central teve de abrir mão compromissos pessoais. Thaísa fala sobre
os desafios. “É muito difícil conseguir conciliar a vida profissional e a
pessoal, principalmente quando a gente está na seleção, a gente vai do clube
para a seleção, se concentra, viaja muito, é complicado, tem que amar muito o esporte, tem que querer
muito o resultado, tem que querer muito estar aqui, não é para qualquer um, se
você tiver um pouquinho de dúvida se é isso que você quer, você não consegue,
porque realmente é muito difícil passar aniversário, feriado, final de ano
longe da família, você perde muitos momentos especiais, mas quando a gente tem
um foco maior, um objetivo maior, isso se torna uma coisa que você consegue
esperar, consegue tentar conciliar e viver em outros momentos, outras situações
e tornar isso mais leve”.
Devido ao objetivo de se manter em alto nível, a central
adiou o sonho da maternidade. “Pelos meus cálculos eu já teria sido mãe há
muito mais tempo, mas é muito difícil conciliar, o retorno das meninas que
tiveram seus nenéns foi mais complicado, mais difícil e tudo mais, mas é um objetivo
maior e tudo vale à pena”, destaca a jogadora do Itambé/Minas Tênis Clube.
Ao se falar de Thaísa, não há como deixar de recordar a
medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 e Londres-2012. “A
experiência de disputar Olimpíada é incrível, a minha primeira foi um sonho
(2008), parecia que eu estava em um sonho é difícil sua ‘ficha cair’, de dizer
com palavras como é isso. Na segunda (2012) eu queria realizar o sonho de ser
campeã jogando, a princípio eu fui campeã na primeira, mas eu entrava um
pouquinho, ainda era muito nova, tinha só 21 anos, não me senti menos campeã
olímpica por isso, mas queria realizar o sonho de ser campeã jogando e isso veio em 2012, que foi surreal aquela
virada, a gente estava bem, mas quase não nos classificamos, conseguimos virar (a
semifinal contra a Rússia) e chegamos a
final olímpica e foi maravilhoso”.
A central prossegue descrevendo. “ É uma sensação indescritível
de dever cumprindo e ao mesmo tempo aquele êxtase, é muito estranho, você não
sabe explicar , na premiação você recorda
toda a luta, tanta dedicação,de ter abdicado de tanta coisa, de tantos momentos
para estar ali, e aquele momento mostrou que valeu a pena ,todo nosso esforço,
nossa dedicação, valeu. É uma sensação surreal quando a bandeira sobe, a gente
está cantando o Hino Nacional é de arrepiar, é muito bom”, explica.
Thaísa que também foi pentacampeã do Grand Prix com a
seleção, atuou ainda nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e um ano depois, passou
por seu maior desafio, uma grave lesão no joelho esquerdo, que a tirou das
quadras por um longo período.Depois de retornar à quadras em 2018, pelo Barueri, a
atleta acertou em 2019, a sua idade ao Minas Tênis Clube, retornando ao local
em que havia atuado entre 2002 e 2005.
Após atuar em 2018 com muita dor e superando muitas vezes
seus limites, a central evoluiu e conseguiu retornar com a mesma intensidade,
atuando em alto nível. Com a Superliga (competição que faturou cinco vezes) e o
Sul-Americano de Clubes, Thaísa comenta o retorna ao clube mineiro. “Eu cheguei
com 15 e saí com 18 anos. É muito gostoso estar de volta, em alguns momentos
quando eu voltei, andando pelas ruas eu lembrava de quando eu era moleca em
treino ou encontrando com os amigos da mesa idade, do juvenil e infanto, muito
bacana, dá aquela nostalgia, vinham lembranças muito legais e voltando em um
tempo completamente diferente, saí daqui com um sonho de menina, muito jovem,
buscando espaço, querendo crescer, querendo aprender e volto com uma carreira
consolidada, multicampeã. É muito bacana voltar para um lugar que me iniciou
que fez meus sonhos de menina se tornarem muito maiores e que deu certo”.
Ainda falando sobre o Itambé/Minas Tênis Clube, a
bicampeã olímpica fala sobre o que espera para o restante da temporada
2019/2020. “As minhas expectativas são as melhores possíveis, o time vem
crescendo , vem evoluindo bastante, a cada jogo, a cada treino eu sinto o nosso
time mais consistente, mais homogêneo, com a entrada de mais uma peça
importante (a búlgara Dobriana Rabadzieva) eu acho que deu uma maior harmonizada
no time, tornou o nosso time ainda mais competitivo, eu acho que qualquer time
entre em um campeonato querendo chegar a
uma final, para buscar o título e com certeza o nosso objetivo não é diferente”.
A central, segue falando sobre suas expectativas. “A gente
está muito focada, eu estou muito focada com isso, eu quero muito poder
corresponder as expectativas do time, da comissão, dos torcedores , a minha
busca é essa e vai ser assim até o final
e com certeza buscar a melhor posição possível e correr pra isso. Estou
muito focada nessa Superliga, realmente é muito importante para mim, até por
esse retorno e tudo mais”.
Questionada sobre as expectativas quanto a Seleção
Brasileira e a possibilidade de disputar sua quarta Olimpíada na carreira,
Thaísa prefere esperar e focar nas disputas envolvendo o seu clube. “Com
relação a seleção, depois da Superliga a gente pensa nisso, tem muita água para
rolar ainda, muito campeonato pela frente e meu foco agora é totalmente no
Minas”, diz.
Ainda durante a entrevista, a atleta aproveita para
aconselhar as meninas que estão iniciando suas carreiras no esporte. “A
mensagem que eu deixo para as meninas jovens é que nada vem fácil, não é fazer ‘uma
horinha e meia’ de treino que vai fazer você se tornar campeã e se você puder e
quiser fazer mais, faça mais, queira mais, faça o correto, vai na academia e
faça sua série certinha, não fique ‘moscando’, busque fazer o extra, se você acha
que pode fazer melhor, faça melhor, não
tem fórmula mágica, tem que trabalhar muito, correr atrás, se dedicar muito”.
Thaísa acrescenta. “Não adianta querer fazer o mínimo
possível, porque essas meninas de fora, de outros países de outros times estão
sempre fazendo a mais, não deixe que elas passem a frente de vocês, elas
fazendo e você não. É a busca incessante pela perfeição, a perfeição não vai
existir, mas você pode se aproximar muito dela trabalhando muito duro”.
Por fim, a bicampeã olímpica aproveita para deixar uma
mensagem aos seus fãs. “Deixo o meu agradecimento, ao fã que apoia, aos que sempre mandaram
mensagens de carinho, de força, sempre acreditaram em mim e torceram muito pelo
meu bom desempenho, pela minha saúde, minha alegria, meu retorno às quadras,
pra eles eu deixo todo o meu amor , o meu carinho, o meu agradecimento, porque
foram muito importantes, principalmente no período mais difícil da minha vida
que foi esse retorno pós-cirurgia do joelho que foi bem difícil. Eu só tenho a
agradecer. A força de todos vocês que me
deram esse carinho, esse retorno, foi muito importante para eu me manter forte
e querer voltar da melhor maneira possível. Um beijo e continuem torcendo”,
conclui.
Colaborou para a entrevista, o jornalista Luiz Paulo
Montes, assessor de imprensa da atleta.
Fotos – Orlando Bento-Minas Tênis Clube/Folha de São
Paulo/Divulgação-Sírio-Libanês/Yahoo Esportes/Divulgação/Marcos Guerra
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