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#TBT DO MOMENTO: 30 ANOS DO OURO EM HAVANA

AO MOMENTO DO ESPORTE, VÂNIA HERNANDES RELEMBRA A CONQUISTA PELA SELEÇÃO BRASILEIRA DE BASQUETE


Por Daniel Nápoli

Há 30 anos, a Seleção Brasileira de Basquete Feminino vencia Cuba por 97 x 76 e conquistava a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Havana-1991.

A conquista teve um grande peso para o basquete brasileiro, por diversos motivos. A vitória foi conquistada em Cuba, diante de um estádio lotado e contando com a presença do então presidente Fidel Castro; Foi o primeiro ouro do Brasil no basquete feminino em Jogos Pan-Americanos, desde Cali-1971 e posteriormente, o título passou a ser visto como o primeiro passado para que o Brasil viesse a ser campeão mundial em 1994 e medalha de prata dos Jogos Olímpicos de Atlanta-1996.

Em Havana-1991, a Seleção Brasileira contava com grandes nomes em quadra: Hortência, Magic Paula, Janeth, Marta Sobral, Ruth (in memoriam), Nádia, Vânia Hernandes, Simone Pontello, Ana Motta, Joyce, Roseli e Adriana Santos. A técnica era a lendária Maria Helena Cardoso, que tinha como assistente a não menos lendária Heleninha. Maria Helena Cardoso, aliás, estava em quadra na campanha do ouro do Brasil em Cali-1971.


Nesta quinta-feira (12), para celebrar a data, o Momento do Esporte traz uma entrevista com Vânia Hernandes, pivô daquela Seleção Brasileira histórica, que comentou a respeito da campanha e da conquista em Havana-1991.

“O Pan em Cube em 91 foi um título muito especial para o basquete feminino porque tem uma história toda antes daquele jogo contra Cuba. Nós em Indianápolis em 1987 perdemos para os Estados Unidos, ficamos em segundo lugar e o Pan em Cuba nossa equipe já estava jogando bem e pra mim foi muito especial, pois eu já não estava mais indo para a Seleção Brasileira”, comenta a ex-pivô.

O Pan-Americano de Havana-1991, marcou o retorno de Vânia para a Seleção Brasileira, após desentendimento com o então presidente da CBB (Confederação brasileira de Basketball), Brito Cunha [falecido no ano passo]. “Sempre fui muito crítica com as coisa”, comenta a ex-atleta que foi convencida a retornar pela técnica Maria Helena Cardoso.

“Eu tive um ano fantástico jogando pela Constecca Sedox, fui a melhor jogadora do campeonato paulista, ganhando da Paula e da Hortência, inclusive foi muito legal isso, as meninas brincaram com isso e a Maria Helena me chamou e foi muito especial, eu retornei à Seleção Brasileira”, destaca Vânia.

A campeã comenta ainda como foi a preparação. “Nós tivemos uma excelente preparação, o time estava muito redondo, jogando muito bem, todo mundo estava numa fase boa, excelente. O time que saía jogando que era Marta, Ruth, Janeth, Hortência e Paula era encaixadíssimo, nós que vínhamos do banco, podíamos entrar em qualquer partida que entrávamos bem e dávamos o máximo. Estávamos com um timaço para disputar o Pan-Americano em Cuba.  Já vínhamos de uma medalha de prata em Indianápolis, que já era um resultado significativo para o basquete feminino”.

A mentalidade do grupo foi fundamental para o desfecho positivo, de acordo com a ex-pivô. “Sabíamos que iríamos ter pedreiras pela frente, Canadá, Estados Unidos e a própria Cuba, mas fomos com aquele pensamento: “se vai ser difícil pra gente, também vai ser difícil pra elas. Porque pra ganhar da gente vai ter que jogar muita bola”.

“Para mim, o momento decisivo foi que na fase de classificação, nós ganhamos dos Estados Unidos. Era o jogo decisivo. Os Estados Unidos estavam com uma baita equipe, todas as meninas lá, a Teresa Edwards, a Katrina, um time que arrepiava. Ganhamos delas e no cruzamento, elas iriam fazer a semifinal com Cuba e nós fomos fazer com o Canadá”, recorda Vânia.

“Nós jogamos muito bem contra o Canadá, ganhamos, a Maria Helena rodou a equipe toda, deu ritmo de jogo para todo mundo, descansou quem estava jogando a mais e aí a final foi contra Cuba, que venceu os Estados Unidos, em um jogaço”, acrescenta a ex-atleta.

Vânia explica ainda que Cuba era uma velha conhecida do Brasil, porém o contexto da partida era completamente diferente .Ao longo das nossas preparações para as competições, nós fizemos alguns amistosos contra Cuba no Brasil, nós íamos para Cuba jogar, então era um time que nós conhecíamos muito bem. Contudo, final, dentro de Havana, contra a equipe da casa é uma coisa diferente. Uma final de Pan-Americano.”


“Sabíamos que tínhamos uma pedreira pela frente, mas o time nunca perdeu o objetivo, a atenção e a concentração. Não perdeu o foco, nós queríamos sair de lá com a medalha de ouro e nós tínhamos essas condições, mesmo sabendo que era um momento diferente, uma final de campeonato dentro do país da equipe que iríamos enfrentar”, reforça Vânia.

Como em toda grande conquista, além do resultado em si, os bastidores reservar grandes histórias. Uma delas é trazida por Vânia. “Fomos para o aquecimento e aí chegou o Fidel, aquele ginásio lotado, todos levantando pra ele. Foi emocionante. Ele chegou com duas pessoas e sentou em uma cadeira bem de frente para nós. A história que eu sei é que nós fomos para o vestiário para uma preleção final e o Fidel queria entrar no vestiário para falar conosco e a Maria Helena não deixou.”

“Nós estávamos muito concentradas no jogo e já pensou aquele cara entrar  no vestiário com você lá? Um líder mundial, se para o bem ou para o mal não interessa, um líder mundial, que fala ele teria para conosco? Iria nos intimidar? Iria nos deixar emocionadas, nos motivar? A gente não sabe”, destaca.

Vânia aproveita para recordar a decisão contra Cuba. “Aí começou o jogo, alucinante e o que eu me lembro do jogo é que o Brasil começou a jogar bem, um time encaixado. Sabe aquele jogo de basquete que você está lá e não dava para mexer na equipe!? Estava redonda e mágica. Tudo dava certo. Uma bola que a Hortência arremessou lá no alto caiu na cesta, jogando muito, a Janeth jogou muita bola, a Marta, a Ruth, quem ali entrava também e se não entrava estava ali junto, torcendo e o que eu mais vejo que foi o diferencial nessa equipe que ganhou o Pan, um título que alavancou o basquete feminino e que levou até mesmo as jogadoras que permaneceram, foi a importância de cada uma saber o seu papel. “

“Porque independente do tempo que você jogava, você tinha o seu papel dentro daquela equipe e era importante. A equipe se fechou tanto que nada que vinha de fora, comentários, nunca nos afetou. Era um grupo muito unido e isso foi um grande diferencial. Diferente de hoje que tem as redes sociais e todo mundo entra como anônimo mete a boca, quer falar, quer dar palpite. A Maria Helena e a Heleninha, muito bem no comando da seleção, fazendo um acerto atrás do outro, foi muito legal. E aí, nos tempos finais abrimos mais de dez pontos e levamos o título. Para mim foi um título merecido”, enaltece a ex-atleta.


A cerimônia de entrega das medalhas entrou para a história do esporte, com Fidel Castro conversando com Hortência e Paula ao entregar a medalha de ouro. Vânia recorda. ”Fidel fez uma brincadeira com as meninas de que não iria entregar as medalhas porque elas jogaram muita bola. Na verdade sempre jogaram muita bola. Foi uma brincadeira dele que se rendeu. O time de Cuba poderosíssimo, um timaço, mas não deu. Infelizmente pra elas e felizmente pra gente, demos um título para basquete feminino.”

“Foi uma vitória inesquecível, um título que a gente guarda com muito carinho e é um título que é uma referência de como devemos nos comportar como atletas, como nós devemos estar dentro de uma equipe com o pensamento voltado para a equipe e não para qualquer jogador individualmente e principalmente a força da união de um grupo, determinado, coeso, que sabia o que queria e se fechou e viu a possibilidade de ser campeão, agarrou essa possibilidade e foi. 

Essa é a lição que fica. Eu nunca vou esquecer a alegria, a emoção, o choro, o abraço, o sorriso, você não conseguir dormir, porque a adrenalina estava a mil e principalmente a importância que isso acarretaria para a nossa carreira individualmente, para o Brasil como equipe”, conclui.

Fotos – Acervo CBB/Arquivo pessoal

 

Moura Nápoli

Moura Nápoli

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