AÇÃO TAMBÉM TEVE A PARTICIPAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL. OBJETIVO FOI A RETIRADA DE QUATRO ATLETAS ARGENTINOS QUE DESCUMPRIRAM QUARENTENA
Por
Daniel Nápoli
Neste domingo (5), Brasil x Argentina entraram em campo,
pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, na Neo Química Arena, em São
Paulo. Porém, aos quatro minutos de jogo, a partida foi interrompida com a
entrada no gramado de Agentes da Anvisa e da Polícia Federal.
A ação, teve como objetivo impedir que o goleiro Emiliano
Martínez, o zagueiro Cristian Romero, o volante Lo Celso e o meia-atacante
Emiliano Buendía, disputassem a partida.
Explica-se. De acordo com a Anvisa, os quatro atletas declararam
não ter passagem por nenhum dos quatro países com restrições em relação à pandemia
de Covid-19, nos últimos 14 dias, entre eles a Inglaterra, justamente o país em
que eles atuam em seus clubes.
A portaria nº 655, de 23 de junho de 2021, estabelece
regras para a entrada de estrangeiros no Brasil durante a pandemia de Covid-19,
e diz o seguinte:
§ 7º O viajante que se enquadre no disposto no art. 3º, com
origem ou histórico de passagem pelo Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do
Norte, pela República da África do Sul e pela República da Índia nos últimos
quatorze dias, ao ingressar no território brasileiro, deverá permanecer em
quarentena por quatorze dias.
Os quatro jogadores chegaram ao Brasil em voo de Caracas/Venezuela,
com destino a Guarulhos, na sexta-feira (3), porém notícias não oficiais teriam
chegado até a Anvisa, denunciando as supostas declarações falsas.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) teria intercedido
junto ao Governo Federal, apoiando à Conmebol e a AFA (Federação Argentina) e
teria garantido um acordo para que os quatro argentinos pudessem atuar. Porém,
esse acordo não foi oficialmente confirmado.
Em entrevista à TV Globo, Antônio Barra Torres,
diretor-presidente da Anvisa, comentou o caso, destacando que houve uma série
de descumprimentos sanitários por parte dos argentinos. “Chegamos a esse ponto
porque tudo aquilo que a Anvisa orientou antes não foi cumprido. Esses
jogadores tiveram a orientação de ficarem isolados para serem deportados. O
isolamento poderia ser até mesmo no hotel. Mas isso não foi cumprido. Eles
entraram em campo ainda. Há uma sequência de descumprimentos”.
Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde do Estado de São
Paulo, também se pronunciou. “Ninguém está à margem disso, nem eu. É imprescindível
que todas as medidas sanitárias sejam cumpridas para garantir segurança a todos
– a outros jogadores, a colaboradores e ao público”.
Após quase uma hora do início da paralisação do jogo, a
Argentina decidiu não retornar para o jogo e agora caberá à FIFA uma decisão
sobre o que acontecerá (uma nova data para o jogo, ou W.O, ou até mesmo uma
outra punição para a Argentina).
Presidente em exercício da CBF, Ednaldo Rodrigues, se
pronunciou à TV Globo "Todos levaram um susto. Primeiro quero dizer que é
lamentável um episódio desse tipo. Brasil e Argentina desperta o interesse de
todo mundo. Há três dias, pelo o que tomamos conhecimento, a Anvisa já estava
acompanhando a seleção da Argentina. Se estava acompanhando, e tem o protocolo
da Anvisa. Nos causou muita estranheza deixar para depois que o jogo se
iniciasse. Em momento algum a CBF foi parte, por quem quer que seja, com
relação a qualquer negociação para retirar atletas da equipe. Muito pelo
contrário, a CBF respeita as normas sanitárias, isso seria uma situação da
Conmebol com a Anvisa. Ainda antes da partida se iniciar, o delegado da partida
disse que poderiam jogar, para depois serem deportados. Mas depois, por um
motivo que a CBF não conhece, mudaram."
Toda a situação da paralisação entre Brasil x Argentina foi
mais do que necessária. Mostrou que leis existem para que sejam cumpridas. O
futebol não está acima do bem e do mal, assim como qualquer outro esporte. Não
é um mundo paralelo. A Anvisa ao lado da Polícia Federal, mostrou que chega de “jeitinho”,
chega de querer fazer acontecer na marra. A lei e a saúde estão na frente de
tudo.
Agora é aguardar as cenas dos próximos capítulos.
Foto – Bruno Cassucci
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