PSICÓLOGA INTEGRA COMISSÃO TÉCNICA DE EQUIPE CARIOCA DESDE 2019. AO MOMENTO DO ESPORTE, PROFISSIONAL FALA SOBRE OS DESAFIOS DA PROFISSÃO
Por
Daniel Nápoli
Praticar um esporte de alto rendimento como o basquete
feminino exige além de treinamentos
físicos e táticos, um excelente preparo psicológico também e com a Sodiê
Doces/Mesquita/LSB RJ, que disputa a Liga de Basquete Feminino (LBF) não é
diferente.
Formada em psicologia na PUC-Rio em 2016, Gestalt-Terapeuta
formada pelo Dialógico Núcleo de Gestalt Terapia e com formação em Psicologia
do Esporte pelo CEPPE, Júlia Crespo é a responsável da área na equipe carioca e
ao Momento do Esporte comenta um pouco sobre a sua trajetória e os desafios na
profissão.
“Durante a graduação, tive a oportunidade de direcionar
meus estágios para a psicologia do esporte, permeando algumas modalidades, área
que me encanta desde 2014. Além disso, também atuo como psicóloga clínica de
adolescentes e adultos no consultório”, comenta Júlia.
A psicóloga iniciou no ano de 2014, um estágio voluntário
na VemSer - Esporte & Psicologia, ONG criada há 20 anos pelo psicólogo
Raphael Zaremba, técnico a Sodiê Doces/Mesquita/LSB RJ, com o objetivo de
utilizar o esporte como um instrumento para transmitir valores e lições de vida
a crianças e adolescentes.
“Conheci o basquete feminino lá e foi amor a primeira
vista”, explica Júlia que recebeu convite para ingressar na equipe carioca em
2019, na primeira temporada do clube. “Fiquei extremamente honrada com a
confiança no meu trabalho e pelo convite.”
Há dois anos na comissão técnica da LSB, Júlia comenta os desafios da procissão. “Um dos principais desafios é o tempo do processo, não temos resultados imediatos. A preparação psicológica não apresentará resultados ocorrendo apenas nos momentos de competição ou “fases ruins”. Não trabalhamos apenas com os aspectos negativos ou queixas, mas também, aprimoramos aptidões que os atletas já possuem”, explana.
“Da mesma forma que os aspectos táticos e técnicos são
treinados repetidamente, a parte psicológica também precisa ser. Na LSB, as
atletas acreditam, confiam e compram as propostas da comissão técnica e o
crescimento (tático, técnico e psicológico) que estão tendo é reflexo disso.
Não é do dia para a noite, mas estabelecer essa relação é um facilitador na
evolução apresentada”, acrescenta.
Júlia reforça que a preparação psicológica, “não será
eficiente se ocorrer apenas nos momentos agudos das competições, ou em fases
negativas, como acontece freqüentemente. Por ser um processo de aprendizagem, o
trabalho do psicólogo demanda tempo. É um engano acharmos que a psicologia do
esporte só trabalha com os aspectos negativos, problemas ou queixas especificas”.
“É possível aprimorar as aptidões que as pessoas já
possuem. Da mesma maneira que os aspectos táticos e técnicos são exaustivamente
treinados, a parte psicológica também carece de treinamento e tempo para se
obter resultados consistentes”, destaca.
Com a pandemia de Covid-19
os desafios aumentaram e a psicóloga explica à reportagem como foram as
adaptações. “A pandemia foi um atravessador enorme no trabalho, mas não nos
impediu de dar continuidade em nossa preparação. Um dos grandes desafios foi
conseguir adaptar as nossas atividades em grupo para o ambiente virtual.”
Júlia comenta ainda como é o
dia a dia com a equipe. “Acompanho os treinos e jogos, quando possível, as
viagens também. Faço observação dos treinos para alinhar minhas propostas com o
que está sendo vivido por elas, além dos atendimentos individuais, rodas de
conversa e dinâmicas de grupo para colocar em prática nosso trabalho”.
“A psicologia do Esporte não dá conta apenas de melhorar
o desempenho das atletas, mas também constrói junto com elas, habilidades e
competências que podem ser utilizadas dentro e fora de quadra. Por isso a
importância do trabalho para a formação do ser humano, além de atleta”, reforça
Júlia sobre a importância do trabalho.
“A psicologia do esporte pode auxiliar atletas a
vencerem, mas não é uma solução mágica. O processo precisa ser olhado como
parte de um todo, uma “engrenagem", junto com as outras áreas que compõem
a comissão técnica. Afinal, profissionais sozinhos, não dão conta da
complexidade do esporte. A(o) psicólogo deve ser mais um integrante a compor a comissão
técnica, não um elemento desconhecido”, conclui.
Fotos - Divulgação
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