SE SAIR DO PAPEL, COMPETIÇÃO TIRARÁ O BRILHO DO FUTEBOL
Por Daniel Nápoli
Não só o futebol europeu, mas o mundial foi sacudido no início desta semana, com a confirmação da Superliga Europeia, a qual 12 times (Real Madrid, Barcelona, Juventus, Milan, Manchester United, Liverpool, Arsenal, Chelsea, Inter e Milão, Tottenham, Atlético de Madrid e Manchester City_ que se definiram como os principais do continente, resolveram lançar uma competição em oposição à Liga dos Campeões da UEFA.
Serão adicionados mais oito clubes para a competição que tem início previsto para agosto de 2021 e término em maio de 2022. Os 20 times serão divididos em dois grupos, com jogos dentro e fora de casa dentro da mesma chave, no meio de semana.
Os quatro melhores de cada grupo se classificarão para um mata-mata, também com partidas de ida e de volta. A final da Superliga será em confronto único. A proposta é que as fases finais do torneio sejam disputadas dentro de um mês.
Os clubes fundadores da competição alegam que o projeto estabelece uma "base sustentável para o futuro a longo prazo, aumentando substancialmente a solidariedade e dando aos torcedores e jogadores amadores um fluxo regular de jogos de destaque que irão alimentar a sua paixão pelo jogo e, ao mesmo tempo, fornecer a eles um modelo atraente".
Os representantes da liga sustentam que a competição "proporcionará um crescimento econômico significantemente maior" do que com o atual modelo da Liga dos Campeões. Os clubes fundadores receberão juntos € 3,5 bilhões na primeira temporada. Além disso, a Superliga diz que contribuiria com € 10 bilhões em "pagamentos de solidariedade".
Se este valor se confirmar, seria muito superior à quantidade paga aos clubes pela UEFA em todas as competições (Liga dos Campeões, Liga Europa e Supercopa Europeia), que geraram € 3,2 bilhões em direitos de transmissão na temporada 2018/19, antes que a pandemia afetasse seriamente o mercado europeu de direitos esportivos.
A competição porém deverá trazer enorme prejuízo esportivo, já que a proposta da competição é elitizar cada vez mais o esporte, fazendo uma competição em que não há rebaixamento ou acesso e não permite que outros clubes possam a ver disputá-la ou conquistá-la, ou seja, será uma competição “de cartas marcadas”.
A Superliga sustenta que os clubes vão continuar disputando seus respectivos campeonatos nacionais, mas o novo torneio continental já foi alvo de críticas das ligas da Espanha, Inglaterra, França e Alemanha, que condenaram a proposta e prometem barrar a iniciativa.
Os desdobramentos prometem ser ainda mais duros. A UEFA, por exemplo, ameaçou punir os clubes envolvidos, esportivamente e judicialmente. Entre as medidas já mencionadas estão o banimento de competições domésticas e internacionais, além da proibição dos
Em nota, a FIFA afirmou que "só pode desaprovar uma Liga Europeia fechada e dissidente fora das estruturas do futebol". A entidade máxima do futebol declarou estar "firmemente posicionada em favor da solidariedade no futebol e de um modelo de redistribuição justo".
Com isso, a Copa do Mundo sofreria um grande impacto, com suas seleções sem poder contar com seus principais nomes. Diversos atletas e treinadores se mostraram contrários a Superliga.
A pressão, felizmente, parece estar surtindo efeito. De acordo com a imprensa europeia, estava prevista para esta terça-feira (20), uma reunião entre os clubes organizadores da Superliga, para a dissolução do projeto.
Seria a melhor decisão. A Superliga é um projeto que agride o futebol, sua essência. Dirigentes sedentos pelo poder e cifras, agridem torcedor de seu próprio clube com isso. Grande parte do encantamento do futebol está em ser “uma caixinha de surpresas”, em permitir que todos tenham a oportunidade do sucesso. Futebol é inclusão. A Superliga seria segregar, seria tirar o brilho do esporte.
Foto - Infoesporte
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